terça-feira, 3 de novembro de 2009

crises convulsivas em idosos com Alzheimer

terça-feira, 13 de maio de 2008

Convulsões

Nenhum portador de Alzheimer é igual ao outro: apesar de alguns sintomas (ou melhor, características) serem comuns à maioria dos idosos, como a perambulação e os lapsos de memória, alguns atigem uma parcela muito pequena deles. Um desses sintomas, para nossa infelicidade, é a convulsão.

Há muito tempo atrás eu li em algum lugar que cerca de 2% dos pacientes de alzheimer sofrem de convulsões nos estágios iniciais da doença, percentual este que vai aumentando com o seu progresso; seja qual for esse percentual, é bem raro de se acontecer no primeiro estágio da doença.

Para azar de minha mãe, ela entrou pras estatísticas.

Como vocês verão quando eu publicar a última parte da série "A História De Como Tudo Começou", minha mãe estava dentro de um certo limite de normalidade até o momento em que sofreu a primeira convulão; o trauma causado foi tão forte que fez com que ela pulasse várias etapas na progressão do Alzheimer, jogando uma mulher que era articulada e razoavelmente independente para um estado de total e irrestrita dependência. Para ilustrar melhor, minha mãe regrediu da fase adulta para a primeira infância.

Com isso, aprendemos rapidamente algumas lições:

- Após a primeira convulsão, o médico ministra um anticonvulsivo, como Tegretol ou Gardenal; depois de determinado período (o qual agora não me lembro ao certo) o medicamento é suspenso; se dentro de um ano o paciente sofrer uma nova convulsão, ele é considerado portador de epilepsia e deverá utilizar anticonvulsivos até o fim de seus dias.

- Existem vários níveis de convulsão, que podem se manifestar em formas que vão desde a "ausência" da pessoa, como se fosse desligada, até o quadro mais grave, onde a pessoa tem espasmos e gritos.

- A convulsão nada mais é que uma descarga elétrica no cérebro; todos temos descargas constantemente, porém o cérebro possui um limiar com o qual tolera essas descargas. No epilético, as descargas ultrapassam esse limiar; o anticonvulsivo nada mais faz de que aumentar esse limiar do paciente, a fim de entar evitar as crises. Contudo, o medicamento não impede que a pessoa tenha convulsões, apenas diminui a frequência com a qual elas acontecem.

- Ao menos no caso da minha mãe, no primeiro dia após a ocorrência do chamado grande mal (aquele onde a pessoa tem os espasmos, gritos, etc) o cérebro dela parece que foi rebootado: ela fica extremamente articulada e concisa nas suas frases e colocações.

Mas o que mais aprendemos é que, qualquer coisa que faça com que seu organismo enfrente uma situação nova, faz com que ela tenha o que é conhecido como pequeno mal: uma espécie de "susto", que tira ela do ar por cerca de 30 minutos. Isso, ultimamente, vem sendo causado por qualquer coisa: geralmente infecções e viroses, mas até mesmo dias extramente frios e quentes tem iniciado o processo.

De certa forma, a convulsão tem um aspecto "positivo", assim mesmo, entre aspas: ela nos diz que minha mãe está doente, logo no começo. Quando acontecem, é hora de correr pro médico e fazer a bateria de exames: radiografias, hemograma, exame de urina e ultrassom.

Por isso, se o seu velhinho for acometido por este mão, não perca tempo: ele pode estar doente.