quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

*.*.Canção da Plenitude.*.*

*.*.Canção da Plenitude.*.*

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo a força - que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés - mesmo se fogem - retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços,
mas o sonho interminável das sereias.

de Lya Luft

Um comentário:

  1. Sim estamos envelhecendo e não podemos deixar para fazer algoquando estivermos morrendo.Afinalque nos garante que haverá mesmo um renascer, exeto aquele que se faz em vida. Nós Geriatras, gerôntologos,cuidadores e familia iremos fazer a diferença começando por nos mesmos.

    ResponderExcluir