quinta-feira, 4 de junho de 2009

O mal que se chama Alzheimer

Vacina contra o Mal de Alzheimer
Poendo ser usada para a prevenção ou nas Fases da Doença

O mal de Alzheimer é uma síndrome neurodegenerativa causada pela acumulação da proteína beta-amilóide no meio extracelular do tecido cerebral e, na maioria dos casos, aparece entre os 65 e 85 anos. Esse composto é produzido naturalmente pelo organismo, mas começa a formar agregados de moléculas quando sua síntese extrapola os níveis normais. A placa senil (depósitos de beta-amilóide acumulada) é a circunferência rosada quase no centro da imagem.
Teve resultados promissores a primeira fase de testes de uma vacina contra o mal de Alzheimer criada por pesquisadores do Instituto Metropolitano de Neurociência de Tóquio e da Novartis. Em ensaios com camundongos, a substância permitiu tanto evitar o desenvolvimento da doença como reduzir a patologia quando ela já havia se manifestado. O mal de Alzheimer atinge cerca de 18 milhões de pessoas no mundo e não tem cura – as formas de tratamento existentes permitem apenas aliviar os sintomas.

“Como os testes da vacina em camundongos revelaram resultados muito positivos, estamos empenhados em começar os testes em seres humanos em até três anos”, diz Yoh Matsumoto, um dos autores do estudo publicado em junho na revista PNAS, em entrevista à CH On-line.

A vacina consiste na aplicação de um vetor de DNA que possui um trecho com a seqüência que serve de molde para a produção da proteína beta-amilóide, cujo acúmulo no cérebro caracteriza o mal de Alzheimer (leia a legenda da foto acima e saiba mais). Essa seqüência genética passa a ser expressa nas células do organismo que recebeu a vacina e, com isso, elas passam a produzir uma quantidade de beta-amilóide acima do normal. Assim, o tratamento estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos específicos contra essa proteína.

A equipe de cientistas testou a vacina em camundongos modificados geneticamente para desenvolver o mal de Alzheimer e observou que, quando ela era aplicada antes do desenvolvimento da doença, retardava seu aparecimento. Nos animais que receberam a vacina após o acúmulo de depósitos de beta-amilóide, a quantidade de placas diminuiu consideravelmente. “A vacina reduziu a deposição de beta-amilóide tanto no tratamento profilático como no terapêutico”, ressalta Matsumoto.

Uma outra vacina contra o mal de Alzheimer havia sido criada pela multinacional Elan Pharmaceuticals juntamente com a American Home Products, em 2000. Ela também induzia a resposta imunológica do organismo à beta-amilóide, mas causou o desenvolvimento de inflamação das meninges cerebrais (meningoencefalite aguda) em 6% dos pacientes na segunda fase clínica, realizada em 2002. Após a ocorrência desses problemas, os testes com humanos foram interrompidos.

Ao contrário da vacina de DNA que acaba de ser criada – em que o próprio organismo é induzido a produzir níveis aumentados da proteína beta-amilóide –, no caso da vacina criada em 2002, a própria proteína era injetada nos pacientes por via intramuscular, a fim de gerar uma resposta imune rápida e eficiente à sua acumulação. Porém, esse mecanismo causou uma forte reação do sistema imunológico, o que levou à inflamação no tecido neural de alguns pacientes.

Matsumoto afirma que não há risco que o mesmo se repita com o tratamento desenvolvido por sua equipe. “Nossa vacina de DNA induz uma resposta imune amena e eleva a quantidade de anticorpos anti-beta-amilóide no organismo vagarosamente”, explica. “Por isso, ela não estimula células T patogênicas que induzem à inflamação do tecido neural.” Ainda não foi observado nenhum efeito colateral associado à nova vacina, mas os cientistas estão verificando sua segurança em chimpanzés.


Franciane Lovati
Ciência Hoje On-line
04/07/2006

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